sábado, 4 de fevereiro de 2012

Migalhas


Das vísceras a cova, apenas cumprindo meu papel no mundo!” (Dehco ZND)

  Aprendendo em mais uma dura lição, sou um estacionamento! Não há melhor comparação, do vício ao apego em segundos transformados em retrocesso se segue, mas até quando?
  Em que lado a corda irá ceder e quem irá cair nesse abismo?

  Pessoas como eu costumam ter o poder de controlar o tempo, mas não as que se permitem transformar em estacionamentos, esses sofrem e pagam preços caros que muitas vezes é o dobro do que devem, sentem a faca cada vez mais funda sem poder recuar dela, são calados por suas fragilidades e “obrigados” a baixar a cabeça sempre!
  Mas quem já nasce para não ter nada, quando tem é momentâneo e a cada degrau que consegue subir, cai dois e tudo caminha como uma grande roda gigante em um parque de espelhos! Se me olho agora sou um príncipe, mas se me olho daqui a dez minutos sou um monstro.
  Pessoas como eu, escolhem parte de seu destino sem ter escolhas em certos assuntos, fazem todo o imaginável e inimaginável para alcançar a glória, mas fadado ao fracasso a glória é um luxo inexistente.
  Questiono estar vivo o tempo todo, pergunto-me se mereço a cada segundo, os mesmos que fogem entre meus dedos me prendendo em raízes mortas, mais fortes que a própria vida!
  Se sentir impotente, diminuído e injustiçado o tempo todo as vezes se torna um consolo, aceitar que é um estacionamento, onde param quando querem, a chegada e a partida são a qualquer hora sem aviso é cruel, mas também é o que me mantém vivo.
  Mas o que faz levantar a cabeça é aceitar que das vísceras a cova, apenas cumprimos nosso papel no mundo e acelerar isso é um dever meu! Se contentar com as migalhas jogadas a mim até o dia em que ganharei o pão inteiro a tempo de impedir meu glorioso fim, como dizia Kurt Kobain “Permaneça belo, morra jovem” e permanecer belo é não se submeter a tanto sofrimento por tanto tempo. O certo é “viveu até os cem anos” ou “sofreu até os cem anos” ?

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