quarta-feira, 12 de maio de 2010
Corriqueiro e Natural
-Eai Rubão, aquela grana brother?
O olhar de ganância e ódio eram bem aparentes, mas disfarçados por um tom de voz amigável e tolerante.
-Porra velho, ta bem foda!
Já pensava que seu amigo fosse pensar que era mentira qualquer explicação que desse, mas mesmo assim iria falar a verdade e esperar o melhor, afinal, sempre foi positivo.
-É cara? Mas por que?
Disse isso na maior vontade de xingar e enfiar a mão na cara do seu amigo.
-Na moral mesmo, paguei a pensão do pivete hoje, água, luz e um agiota ai!
Tudo realmente era verdade, deveria comover ou pelo menos acalmar alguém que ouvisse a historia de um cara que pega dinheiro de um agiota pra poder sustentar seu filho e uma mulher impiedosa.
-Olha mermão, não tenho nada haver com seus rolos, amizade é uma coisa, grana, negócios são outra totalmente diferente! Quero meu troco agora, por favor!
Disse tudo isso com as mãos trêmulas, vontade incontrolável de sair distribuindo socos e ponta pés no amigo.
-Mas cara, não tenho mesmo, sei que te devo a algum tempo, mas da um tempo a mais ai pra mim, porra, nós somos amigos a tanto tempo!
Já querendo correr, morrer, sumir da face da terra! Também, qualquer um iria querer tudo isso vendo que estava perdendo um amigo.
-Amizade de cu é rola rapá, você é um safado véi, Rubão, não brinca comigo não cara!
Já armando um belo de um soco na cara do agora ex amigo!
-Porra cara, não imaginava que tu fosse fazer isso comigo, mas quer saber cara. . . Não tenho dinheiro agora, se quiser espera, se não nem vai receber mais!
Falou com toda coragem do mundo já que havia perdido o amigo pelo menos lhe restaria a dignidade.
Quando menos se esperou haviam carros de policia e ambulâncias no lugar, uma rua meio deserta perto de uma loja de presentes, Peres estava sentado na calçada aos pés de Rubão que sangrava sem parar, os policiais preenchiam os papéis para levar Peres embora, preso por homicídio. Rubão nem pode reagir, os para-médicos tentavam estancar o sangue, mas uma facada no pescoço na maioria das vezes é fatal!
Quando entrava no camburão Peres falou para o policial:
-Ele era meu amigo, o dinheiro me deixou louco!
Sem mais nada a se fazer, uma divida de cinco reais para comprar leite levou uma pessoa a morte, um amigo matar o outro, duas vidas jogadas fora por causa de um pedaço de papel.
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